Poema

O teu mundo é novo. A tua carne é nova.

Eu sou a velhice, o mundo abalado.

O teu mundo que me convida.
O permanente mundo em flor da tua carne.
Beijar-te os olhos, acariciar-te os dedos,
ter nas mãos a doçura da tua pele, a tua nuca,
o teu pescoço roliço para acariciados....

Dirás que a vida é bela. A vida é bela!
Mas, eu, amor, já agora tão triste e tão cansado.

Ontem que não chegou.
Ontem que estava mesmo um dia amarelo...
Mas agora, que o dia é chegado...
Perdão, perdão, eu de mim mesmo é que já não sou belo.

Vai, e não leves de ti a tua desilusão...
O que me dói, o que ainda me dói...
(... E não ver essas roupas desmanchadas.
O azul desses olhos, a graça e a festa dessas mãos...)

Deixa que eu feche os olhos, e não te veja, e não veja mais nada...

...

Obrigado, e perdão.










De Poética. ED.FJA Natal.1975
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